TEORIA DA HISTÓRIA
Profa. Dra. Lidiane Soares Rodrigues
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4264351J0
1º. quadrimestre de 2023
Datas e horários:
2as feiras das 8h00 às 10h00, 4as feiras das 10h00 às 12h00 - DA1LHE004-19SB
2as feiras das 19:00 às 21:00, 4as feiras das 21:00 às 23:00 - NA1LHE004-19SB
1. OBJETIVOS
Apresentar e discutir as práticas da historiografia, a partir de sua institucionalização acadêmica, no século XIX. Apresentar e discutir principais conceitos historiográficos à luz de concepções filosóficas, teórico-metodológicas e disciplinares. Apresentar e discutir os principais domínios da historiografia e seus problemas contemporâneos.
2. CONTEÚDO
A institucionalização do conhecimento histórico moderno. Correntes historiográficas (historicismo, escola metódica, Annales, marxismo). Conceitos e problemas historiográficos (verdade e narrativa, temporalidade, memória). Historiografia e sistema de ensino. O uso de documentos e a diversidade das fontes históricas. Alguns domínios da historiografia e seus problemas contemporâneos.
3. MÉTODO
Aulas expositivas. Discussão dos textos recomendados para leitura. Discussão conduzida por meio de materiais artísticos. Seminários.
4. CRONOGRAMA
06 e 08 de fevereiro – Apresentação do programa, do cronograma, organização da avaliação
Parte 1 – A institucionalização do conhecimento histórico moderno
Aula 3. 13 de fevereiro – Introdução histórica e conceitual
Leitura:
LE GOFF, Jacques. “História”. In. História e Memória. Campinas: Ed. Unicamp, 1990, pp. 13-148.
BOURDIEU, Pierre. Campo intelectual e projeto criador [1966]. In: POUILLON, Jean et alli. Problemas do Estruturalismo. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1968, pp. 105-145.
BOURDIEU, Pierre. O campo científico [1976]. In: Pierre Bourdieu: Sociologia (org. de Renato Ortiz). São Paulo: Ática, 1983. pp. 122-155.
Aula 4. 15 de fevereiro – A institucionalização do conhecimento histórico (I): divisão social do trabalho intelectual
Leitura:
HUMBOLDT, Wilhem von. “Sobre a tarefa do historiador” [1821]. In. MARTINS, E. M. A história pensada: teoria e método na historiografia europeia do século XIX. São Paulo: Contexto, 2010, pp. 71-100.
RANKE, Leopold von. “O conceito de história universal”[1831]. In. MARTINS, E. M. A história pensada: teoria e método na historiografia europeia do século XIX. São Paulo: Contexto, 2010, pp. 187-225.
Aula 5. 27 de fevereiro – A institucionalização do conhecimento histórico (II): concepções de cientificidade
Leitura:
MONOD, Gabriel. “Do progresso dos estudos históricos na França desde o século XVI” [1876]. In. MALERBA, J. (org.). Lições de história: o caminho no longo século XIX. Rio de Janeiro, Ed. FGV, 2010, pp. 323-352.
LANGLOIS, Charles-Victor; SEIGNOBOS, Charles. Introdução aos estudos históricos [1898]. São Paulo: Renascença, 1946.
Aula 6. 01 de março – Os Annales e suas “gerações”
Leitura:
FEBVRE, Lucien. “Sobre uma forma de história que não é a nossa: a história historicizante” [1948]. In. Combates pela história. Lisboa: presença, 1977.
Aula 7. 06 de março – O problema do marxismo na (s) historiografia (s) [introdução]
RODRIGUES, Lidiane Soares. “Los marxistas brasileños: oposición e interdependencia de un espacio (1958-2014)”. Politicas de la Memoria, n. 18, 2019, pp. 169-184.
Aula 8. 08 de março – Historicismo, Escola Metódica, Annales, Marxismo: usos e abusos da ideia de “escola histórica” [Aula de balanço da primeira parte do curso]
Aula 9. 13 de março – Avaliação escrita (1) – conteúdo – parte 1 do curso
Parte 2 – História, verdade e narrativa, temporalidade, memória
Aula 10. 15 de março – “A” história do conceito (eurocêntrico) de história
Leitura:
KOSELLECK, Reinhart. “História Magistra Vitae – sobre a dissolução do topos na história moderna em movimento”. In. Futuro Passado. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
RODRIGUES, Mara; SCHMIDT, Benito. “O professor universitário de história é um professor? Reflexões sobre a docência de teoria e metodologia da história e historiografia no ensino superior”. História Unisinos, v. 21, n. 2, 2017, pp. 169-178.
Aula 11. 20 de março – Temporalidade (s)
Leitura:
BRAUDEL, Fernand. “História e ciências sociais: a longa duração” [1958]. Revista de História da USP, n. 62, 1965, pp. 261-294.
HARTOG, François. “Tempo, história e a escrita da história: a ordem do tempo”. Revista de História, n 148, 2003, pp. 9-34.
Auxiliar: RODRIGUES, Lidiane Soares. História e Sociologia: capítulos de um diálogo em longa duração. Curitiba: Intersaberes, 2020, p. 152-168.
Aula 12. 22 de março – História do tempo (II)
Leitura:
ELIAS, Norbert. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. [trechos a definir]
PIMENTA, João Paulo. O livro do tempo. Uma história social. São Paulo: Edições 70, 2021. [trechos a definir]
Aula 13. 27 de março – Uso de documentos e diversidade de fontes históricas
Leitura:
BACELLAR, Carlos. “Uso e mau uso dos arquivos”. In. PINSKY, Carla. Fontes históricas. São Paulo: Ed. Contexto, 2010, pp. 23-79.
SILVEIRA, Pedro Telles da. As fontes digitais no universo das imagens técnicas: crítica documental, novas mídias e o estatuto das fontes históricas digitais. Antíteses, v. 9, n. 17, jan./jun. 2016, pp. 270-296.
Aula 14. 29 de março – Verdade e Narrativa
Leitura:
GINZBURG, Carlo. “Unus testis – o extermínio dos judeus e o princípio de realidade”. In. O fio e os rastros. São Paulo: Cia das Letras, pp. 210-230.
WHITE, Hayden. Teoria literária e escrita da história. Estudos históricos, n. 13, v. 7, 1994, pp. 23-48.
Auxiliar: FRANZINI, Fábio. “Mr. White chega aos trópicos: notas sobre Meta-história e a recepção de Hayden White no Brasil”. In. BENTIVOGLIO, Julio; TOZZI, Veronica (orgs). Do passado histórico ao passado prático. Serra: Milfontes, 2017.
Aula 15. 03 de abril – História e Memória
Leitura:
LE GOFF, Jacques. “Documento/monumento”. In. História e memória. Campinas: Unicamp, 1992, pp. 509-524.
MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. “História, cativa da memória? Para um mapeamento da memória no campo das ciências sociais”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, v. 34, 1992, pp. 9-23.
Parte 3 – Alguns domínios contemporâneos da historiografia: história em migalhas?
Aula 16. 05 de abril – História econômica: perspectivas
Leitura:
FINLEY, Moses. “Os antigos e sua economia”. In. A economia antiga. Porto, Ed. Afrontamento, 1986.
MOTTA, J. F. “Agonia ou robustez? Reflexões acerca da historiografia economia brasileira”. Revista de Economia da PUC-SP, n. 1, 2009, pp. 117-138.
Auxiliar: PALMEIRA, Miguel. Moses Finley e a economia antiga. São Paulo: Intermeios, 2018.
Aula 17. 10 de abril – História social: perspectivas
Leitura:
HOBSBAWM, Eric. “A formação da cultura da classe operária”. In. Mundos do trabalho. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
CHALHOUB, Sidney; TEIXEIRA DA SILVA, Fernando. “Sujeitos no imaginário acadêmico: escravos e trabalhadores na historiografia brasileira desde os anos 1980”. Cadernos Arquivo Edgar Leueroth, v. 14, n. 26, 2009, pp. 13-47.
THOMPSON, Edward. “Tempo, disciplina de trabalho e capitalismo industrial”. In. Costumes em comum. São Paulo: Cia das Letras, 1998, pp. 267-304.
Auxiliar: MACEDO, Francisco Barbosa de. “O (re)fazer-se da historiografia: a obra de E. P. Thompson na produção discente do PPG-História da Unicamp (1982-2002)”. Tese de doutorado em História, FFLCH/USP, 2017.
Aula 18. 12 de abril – História cultural: perspectivas
Leitura:
DARNTON, Robert. O grande massacre de gatos, “Os trabalhadores se revoltam: o grande massacre de gatos na rua Saint-Séverin” (cap. 2). Rio de Janeiro: Graal, 1986.
___. Boemia literária e revolução, “O Alto Iluminismo e os subliteratos” (cap.1). São Paulo: Cia das Letras, 1987.
Aula 19. 17 de abril – Públicos, história pública, “negacionismo histórico”
Leitura:
NICOLAZZI, Fernando. Os historiadores e seus públicos: regimes historiográficos, recepção da história e história pública. História Hoje, n. 15, v.8, 2019, pp.
SILVA, Daniel Pinha. Ampliação e veto ao debate público na escola: história pública, ensino de História e o projeto “Escola sem partido”. Revista Transversos, v. 7, n. 7, set. 2016, pp. 11-34.
Aula 20. 19 de abril – História da historiografia: perspectivas
Leitura:
RODRIGUES, Lidiane Soares. Elas e eles na gênese da institucionalização do curso de História da USP. In: Ferreira, Marieta de Moraes. (Org.). Universidade e ensino de história, RJ: FGV, 2021, p. 35-70.
PEREIRA, Matheus; ARAÚJO, Valdei. “Atualismo: pandemia e historicidades no interminável 2020”. Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre, v. 47, n. 1, p. 1-16, 2021, pp. 1-16.
Aula 21. 24 de abril – Balanço do curso
Aula 22. 26 de abril – Avaliação escrita (2) – conteúdo – parte 2 e 3 do curso
5. AVALIAÇÃO
Regular
Prova escrita individual (obrigatória, pelo menos uma);
Seminário – em duplas ou trios (optativo, quem fizer seminário é dispensad@ da prova escrita);
Presença e participação na discussão dos textos recomendados (obrigatórias).
Recuperação
A recuperação consistirá na redação de uma reflexão a respeito de conexões de sentido entre duas aulas do curso (máx. 5 páginas, Times New Roman 12, espaçamento 1,5).
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BLOCH, Marc. Apologia da história (Ofício de historiador) [1949]. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BOUTIER, Jean; JULIA, Dominique (ors.). Passados recompostos: campos e canteiros da história. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ/FGV, 1998.
BOURDIEU, Pierre. Pierre Bourdieu: Sociologia (org. de Renato Ortiz). São Paulo: Ática, 1983.
___. Campo intelectual e projeto criador [1966]. In: POUILLON, Jean et alli. Problemas do Estruturalismo. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1968, pp. 105-145.
BURKE, Peter. A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Unesp, 1992.
BRAUDEL, Fernand. História e ciências sociais. Lisboa: Presença, 1972.
CARDOSO, Ciro Flamarion. Ensaios racionalistas. Rio de janeiro: Campus, 1988.
___. Um historiador fala de teoria e metologia. Bauru: Edusc, 2005.
CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (orgs). Domínios da história. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
___. Novos domínios da história. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
CARR, Edward. Que é a história. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
COLLINGWOOD, Robin G. A ideia de história. Lisboa: Presença, s/d.
CROCE, Benedetto. História como historia da liberdade [1941]. Rio de Janeiro: Topbooks, 2006.
DARNTON, Robert. O grande massacre de gatos. Rio de Janeiro: Graal, 1986.
___. Boemia literária e revolução. São Paulo: Cia das Letras, 1987.
DUBY, Georges. A história continua. Rio de Janeiro: zahar, 1993.
ELIAS, Norbert. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
FEBVRE, Lucien. Combates pela história [1953]. Lisboa: Presença, 1977.
FERREIRA, Marieta de Moraes. (Org.). Universidade e ensino de história. RJ: FGV, 2021.
FINLEY, Moses. A economia antiga. Porto, Ed. Afrontamento, 1986.
GADAMER, Hans-Georg. O problema da consciência histórica. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2006 (1983). Trad. Paulo César Duque Estrada.
GAY, Peter. O Estilo na História: Gibbon, Ranke, Macaulay, Burckhardt. São Paulo: Cia das Letras, 1990. Trad. Denise Bottman.
GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros. São Paulo: Cia das Letras, 2007.
___. Mitos, emblemas, sinais. São Paulo: Cia das Letras, 1989.
GUIMARÃES, Manoel Luiz Salgado (org.). Estudos sobre a escrita da história. Rio de Janeiro: 7Letras, 2006.
HARTOG, François. A História de Homero a Santo Agostinho. Prefácios de historiadores e textos reunidos e comentados por François Hartog. Trad. Jacyntho Lins Brandão. Belo Horizonte: ed. UFMG, 2001.
___. Régimes d’historicité. Présentisme et expérience du temps. Paris: Seuil, 2003.
HOBSBAWM, Eric J. Sobre História. São Paulo: Cia das Letras, 1998.
HUNT, Lynn (org.). A nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
IGGERS, Georg. Historiography in the twentieth century. From Scientific Objectivity to the Postmodern Challenge. Hanover e Londres: Wesleyan University Press, 1997.
HOBSBAWN, Eric. Mundos do trabalho. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
LANGLOIS, Charles-Victor; SEIGNOBOS, Charles. Introdução aos estudos históricos [1898]. São Paulo: Renascença, 1946.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Ed. Unicamp, 1990.
LE GOFF, Jacques, e NORA, Pierre (orgs.). História: novos objetos, novos problemas, novas abordagens. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976 (3 vols.).
LIMA, Luiz Costa. História. Ficção. Literatura. São Paulo: Cia das Letras, 2006.
MALERBA, J. (org.). Lições de história: o caminho no longo século XIX. Rio de Janeiro, Ed. FGV, 2010.
MARTINS, Estevão Rezende (0rg.). A história pensada: teoria e método na historiografia europeia do século XIX. São Paulo: Contexto, 2010.
MARX, Karl, e ENGELS, Friederich. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2009.
___. O 18 Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011.
MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. “História, cativa da memória? Para um mapeamento da memória no campo das ciências sociais”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, v. 34, 1992, pp. 9-23.
MORAES, José Geraldo Vinci de, e Rêgo, José Marcio. Conversas com historiadores brasileiros. São Paulo: Ed. 34, 2002.
NOIRIEL, Gérard. Sur la “crise” de l’histoire. Paris: Belin, 1996.
NOVAES, Fernando, e SILVA, Rogério Forastieri da. (orgs.) Nova História em perspectiva. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
PALLARES-BURKE, Mari Lúcia. As novas faces da história. São Paulo: Unesp, 2000.
PALMEIRA, Miguel. Moses Finley e a economia antiga. São Paulo: Intermeios, 2018.
PIMENTA, João Paulo. O livro do tempo. Uma história social. São Paulo: Edições 70, 2021.
PINSKY, Carla. Fontes históricas. São Paulo: Ed. Contexto, 2010.
PROST, Antoine. Doze lições sobre a história. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
RANKE, Leopold von. Leopold von Ranke: História. São Paulo: Ática, 1979 (col. Grandes Cientistas Sociais; org. por Sergio Buarque de Hollanda).
RODRIGUES, Lidiane Soares. História e Sociologia: capítulos de um diálogo em longa duração. Curitiba: Intersaberes, 2020.
___. “Los marxistas brasileños: oposición e interdependencia de un espacio (1958-2014)”. Politicas de la Memoria, n. 18, 2019, pp. 169-184.
THOMPSON, Edward. Costumes em comum. São Paulo: Cia das Letras, 1998.
VEYNE, Paul. Como se escreve a história. Brasília: Ed. UnB, 1998 (1971). Trad. Alda Baltar e Maria Auxiliadora Kneipp.
WEBER, Max Max Weber: Sociologia. São Paulo: Ática, 1982 (col. Grandes Cientisas Sociais; org. por Gabriel Cohn)
WHITE, Hayden. Meta-história. A imaginação histórica do século XIX. São Paulo: Edusp, 1995.
- Teacher: Lidiane Soares Rodrigues